Em Memória Sensível e Movimento Criador na escrita Dramatúrgica de Doc Comparto a autora analisa “os rastros da transposição entre o pensamento e a obra por meio dos registos das memórias, deixados em rascunhos e anotações que ganham vida ao serem cuidadosamente elaborados e transformados em peças ficcionais”. Cabe ao leitor, simplesmente, deixar-se guiar. Mesmo que desconhecendo as águas imersivas para as quais nos convida o texto, a sua limpidez e clareza não deixam ninguém indiferente. O corpo teórico que abre a obra, é seguro, coerente, esclarecedor...Aos poucos, e com uma suavidade invulgar num texto científico, é dado ao leitor começar a desvendar o “jogo de espelhos” que a Crítica Genética permite. É com maestria que Livia de Oliveira nos transporta para os fragmentos e rastros do processo criativo de Doc Comparato. As fichas de leitura usadas para lecionar são aquelas, escrupulosamente seguidas e ampliadas. Imprecisa e larga a letra, a escrita é emendada e cerzida a lápis. Cada diálogo é o objeto mais precioso, diante do qual nos quedamos numa demanda pela palavra certa, concisa, esclarecedora que produza o ritmo dramático certo. O preceito de começar elencando cena após cena, revelou-me um método precioso que permite saber de onde partimos e onde queremos chegar, evoluindo numa projeção do caminho que escolheremos. Esta obra é, acima de tudo, a anatomia perfeita de um escritor.

Profa. Dra. Vanda Sousa